quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O Mar e Eu



Acabo de entrar na sacada da minha casa de praia, após um sono reparador e prologado. Além, muito além do azul do mar, descortina-se a linha imaginária do horizonte, onde as nuvens parecem acariciar-se nas águas.

Pertinho, bem pertinho de mim, vem uma onda enrodilhada em si mesma, depois outra, mais outra esbranquiçadas, revoltas, enfim muitas ondas espumantes jogando-se sobre a areia. De repente, cobrem toda a praia, invadem o local dos banhistas, a guarita dos salva-vidas e, apenas, param, quando lambem as dunas. Do terraço da minha casa, eu as aprecio, assisto à voracidade das águas revoltas, vejo o susto dos banhistas, o olhar atônito das salva-vidas, a mansidão das dunas acolhendo  a água. 

O que acontece? Teria uma tempestade no mar trazido toda esta agitação? Mal acabo de sair da minha cama quentinha, depois de uma noite agradável. Ainda nem tirei o roupão. A preguiça impede-me de raciocinar com clareza. Emoção e imaginação dominam-me. 

De súbito, uma estrela gigante, dourada, cai na sacada, próxima do local onde estou.  O sol bate nela e quase me ofusca a visão.

- Que é isso? - grito, assustada. - Estou a ver estrelas em plena manhã  de sol? E estas ondas que revoluteiam? Será que é  um fenômeno da natureza? Será que nosso Sol soltou uma fagulha que mexeu com os oceanos e desprendeu estrelas? Será que acontece  o fim do mundo? Ou sou eu que estou ficando maluca?

Neste momento, ouço uma voz infantil:
- Tia... olho para o lado da voz, e vejo um menino de olhar tímido, sorrindo desajeitado...  posso pegar a minha estrela?


Volto à realidade. Tia... tia... não é nenhum fenômeno da natureza, nem estou maluca. Um menino jogou com muita força um brinquedinho que caiu na minha sacada e o mar, hoje, "não está pra peixe".

Liti Belinha Rheinheimer
Imagem: Google

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