Já era madrugada,
quando ela saiu do seu plantão. Poucos rodavam por ali, e, na sinaleira, foi
bruscamente assaltada.
O assaltante levou todos os
seus pertences e espancou-a com violência.
Ela ficou ali, ferida, enquanto ele fugia com o carro dela.
A polícia não o encontrou. A imagem daquele homem ficou gravada em
sua memória. Seria medo, pavor ou desejo de vingança? Nem ela sabia.
Após alguns meses, ela recuperava
sua vida financeira e diminuía o pavor que a atormentava.
A médica atendia os últimos pacientes e terminava seu plantão,
quando surgiu uma emergência. Era um jovem acidentado, e bastante ferido, e
ela, uma médica eficiente e responsável, cuidou de seus ferimentos. Depois de anestesiado e acalmada a dor, ele agradeceu à enfermeira que o
confortou no leito.
A médica mal podia conter-se. Após
o atendimento, trancou-se numa sala e se pôs a chorar. Por que Deus colocou
esse homem para que eu salvasse sua vida, o mesmo homem que me deixou caída no
chão quase sem a minha vida? Neste momento eu não queria ser médica, eu queria
ser uma juíza.
A médica optaria pela razão,
ou pelo coração. Telefonou para a polícia.
- Eu atendi aqui no hospital e
reconheci o homem, o qual me assaltou.
Ele estivera foragido, e ela pôde entregá-lo, assim a vingança foi
feita. Ou seria justiça?
Cármen Gomes
Imagem: Google
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