domingo, 28 de setembro de 2014

A revanche.



Para começar,
A transformação.
De dez,a redução.
Agora foram só dois!
Mas, imaginem, o que vem depois.
Parece que, por espanto,
Não perdeu de todo o encanto.
Claro que não teve risadas em profusão
Nem piadas de montão.
Mas teve seu charme!
Imaginem, carro de aluguel.
Como mesmo do tempo seria a previsão?
Frio, é claro, ainda dá pra levar casacão.
O carro escolhido então qual seria?
Confortávelcom GPS, inevitável.
Mas e ar condicionado?
Não, não precisa! Temperatura estável.
Tudo bem, tudo legal,
Avião, claro que sem lanche, mas pontual.
Chegada na hora, mas que surpresa!
-“Ai que calor, como dizem : “_ oh, tá quente, gente”
Meu senhor, sem ar condicionado no carro? Já deu pavor.
A moça, gentil, entrega a chave e diz:
-“Vem com bônus, viagem feliz!”
E eu, roxa de raiva, ou de calor,
Entro no carro e aguento o vapor.
“Nunca mais vou me deixar levar por dúvida tal que me deixe tão mal”
Abre janela, fecha janela, abana, resmunga, tenta dormir...
A estrada é longa, preciso me distrair.
Olho o painel, o rádio, o ar......epa! que é isso? Um botão?
Vou experimentar. Ligo, ruído, sinto o ar!
“ Tá brincando de ar condicionado?” pergunta ao meu lado?
“Não! Não acredito, tem ar e agora está ligado!”
Hahahahahahahaah!
Este era o bônus que dois bobos pagaram o ônus...
Mas chegaram bem.
Reviram e relembraram a padaria.
Sentiram saudades dos amigos ausentes.
Comeram de tudo, lógico que ficaram bem mais contentes,
Lembraram-se da turma, de todo o andor;
Mas imaginem, até conseguiram um secador!
Nem precisei lembrar do meu nome ( Elvira, não é?)
Meu senhor!
Momentos bem lindos,
Festa e luz.
Bonita homenagem,
Muita emoção.
Recebo minha “estauta”,
Vibram a alma e o coração.
Passeios, lembranças, mais algumas andanças,
E já passou.
Arruma a mala, volta pra estrada.
Claro que dessa vez não passa calor!
O que será que aconteceu?
Foi apenas profecia do ano anterior:
- Ah, se voltarem, vão me pagar!
Zoaram, não foi, pois agora andem com um carro sem ar!
A revanche!
E por isso teve mais uma história pra se contar.
Itabira capítulo 2014.

Renate Gigel

Imagem: Google

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

João-de-deus
















Na porteira do mundo,
João-de-deus encilhou seu viver.
Viu-se
        atarantado
         atrapalhado
                   injustiçado
                            frustrado

e voltou.

João-de-deus apeou sua vida
escondeu a encilha
e fechou-se no galpão.

Cadê João-de-deus?
O que faz no galpão?
Laça os homens que te fizeram mal, João-de-deus,
e enforca-os no curral.

Enforca suas leis,
preconceitos, sistemas
e tudo o mais.

João-de-deus, encilha tua alma
e leva-a à fazenda universal.
Tira-lhes o cabresto e
coloca-lhes o bornal.

João-de-deus, reage!
És um homem ou és um animal?

(Menção honrosa em Concurso DCE UNISINOS, 1973, São Leopoldo, RS)

Liti Belinha Rheinheimer
Imagem: Google



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Vingança



         Já era madrugada, quando ela saiu do seu plantão. Poucos rodavam por ali, e, na sinaleira, foi bruscamente assaltada.
       O assaltante levou todos os seus pertences e espancou-a com violência.
       Ela ficou ali, ferida, enquanto ele fugia com o carro dela.
      A polícia não o encontrou. A imagem daquele homem ficou gravada em sua memória. Seria medo, pavor ou desejo de vingança? Nem ela sabia.
      Após alguns meses, ela recuperava sua vida financeira e diminuía o pavor que a atormentava.
     A médica atendia os últimos pacientes e terminava seu plantão, quando surgiu uma emergência. Era um jovem acidentado, e bastante ferido, e ela, uma médica eficiente e responsável, cuidou de seus ferimentos. Depois de anestesiado e acalmada a dor, ele agradeceu à enfermeira que o confortou no leito.
      A médica mal podia conter-se. Após o atendimento, trancou-se numa sala e se pôs a chorar. Por que Deus colocou esse homem para que eu salvasse sua vida, o mesmo homem que me deixou caída no chão quase sem a minha vida? Neste momento eu não queria ser médica, eu queria ser uma juíza.  
       A médica optaria pela razão, ou pelo coração. Telefonou para a polícia.
      - Eu atendi aqui no hospital e reconheci o homem, o qual me assaltou.
Ele estivera foragido, e ela pôde entregá-lo, assim a vingança foi feita. Ou seria justiça?


Cármen Gomes
Imagem: Google

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O Rufar dos Tambores




Nesta época do ano, quando os ipês e as azáleas  florescem e as orquídeas  desabrocham no tronco das árvores, ouço tambores rufando no meu imaginário e os meus olhos parecem visualizar estudantes perfilados pelas ruas em marcha ritmada. Isto é conseqüência do meu tempo de escola e professora, quando era assim. Horas de ensaios para as comemorações cívicas e desfiles. Longas explanações sobre os acontecimentos históricos do “7 de setembro”, sempre enaltecendo seus heróis. Sinto saudades daquele tempo inocente e admiro aqueles que ainda o fazem hoje, embora sem tanto entusiasmo. Ainda acredito que a família em parceria com a escola conseguem formar brasileiros mais conscientes que se transformarão em políticos mais interessados no bem desta nossa gigante nação brasileira.

Terezinha Brandenburger
Imagem: Google