quinta-feira, 24 de julho de 2014

Devolvam-nos as nossas avós


   


      - Vó, posso dormir na sua casa?

- Neste final de semana não, pois vou ao baile com minhas amigas.

Algumas décadas atrás nunca se ouviria um diálogo assim, entre uma menina e sua avó com mais de oitenta anos.

Onde foram parar nossas avós?

Aquela avó "mãe com açúcar", na casa da qual podíamos chegar sem avisar, em qualquer dia, a qualquer hora e a avó estava ali, tricotando uma manta para seus netos, ou um pulôver, ou ao redor do fogão, preparando guloseimas deliciosas, contando com a chegada de um filho ou neto.

Aquela avó que era o ponto de equilíbrio da família, a matriarca, o modelo, com quem todos podiam buscar aconchego, carinho, colo.

A avó, que tinha sua cadeira de balanço na sala ou na cozinha, ao redor do fogão a lenha e que era seu palco para contar histórias, de conversar sem pressa e sempre ter um bom conselho para dar.

Com a era moderna, a globalização, as famílias, tendo cada vez menos filhos, e as mulheres, tendo que trabalhar fora, as avós foram ficando sozinhas mais cedo e na busca por soluções, surgiram os bailes para a terceira idade, cursos de informática para idosos, que foram reintegrando à sociedade, pessoas que já estavam inativas, o que contribuiu para uma maior longevidade, idosos mais saudáveis, mais produtivos.

Isso tudo foi muito positivo sob um ponto de vista, mas tirou nossas avós de suas casas e levou-as para a rua, para os salões, levando junto com elas, o equilíbrio das famílias, o modelo de lar, o refúgio, o colo.

Os filhos, que já haviam perdido suas mães para o mercado de trabalho, assistiram também suas avós vestirem minissaias, calçarem salto alto e irem viver intensamente a última fase de suas vidas, quiçá vivendo até um grande amor na maturidade.

Tempos modernos, novos conceitos, mas que deixa uma cicatriz profunda na base das famílias.
 
Que sejam felizes, que vivam plenamente, mas guardem um pouquinho de tempo para serem avós de nossos filhos. Eles merecem.

Aida Pietzarka
Imagem: Google


2 comentários:

  1. Me senti o máximo . A vovó com histórias e doces.
    O colo e a cama na casa da Oma estão sempre à espera !
    Pena que a procura não é tanta..................Tempos modernos!
    Parabéns , Aida.

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  2. Senti saudades da minha avó e do meu avô lendo seu texto Aida! Quase senti a presença (saudosa) da minha "vó Gerça". Lindo texto! Eu queria os meus avós de volta, eles tinham "açúcar". E aproveitando o texto, parabéns a todos os avós pelo seu dia!!!

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