Nunca me encaixei no perfil de mãe enaltecido nas mensagens de dias das mães, nas descrições padrão daquelas mães que sofrem no paraíso, que amam incondicionalmente, até o dia em que recebi do colégio de minha filha, a mensagem “MÃES MÁS”. Ufa! Até que enfim, lembraram de mães iguais a mim.
As mães que cobram responsabilidade de seus filhos, que lhes dão tarefas para fazer, que lhes dão cereais e suco, em vez de Coca-Cola e batata frita, que tiram seus filhos da frente do computador e lhes mandam brincar ao ar livre, num dia de sol, que fazem questão de conhecer os amigos de seus filhos, que sabem que o quarto de seu filho é apenas uma parte de sua casa e não um território privado, que lhes ensina que quando começa escurecer é hora de vir para casa.
Eu não sei o que é “amar incondicionalmente”, pois não aprovaria um ato ilícito de meu filho, mostraria claramente minha decepção se ele contrariasse os bons ensinamentos que lhe dei. Não lhe daria total razão se houvesse alguma reclamação da professora, do colega, primeiro escutaria as duas partes e depois, de uma forma educativa, chegaria numa conciliação ou num pedido de desculpas.
Cuidei sempre para ter uma firme e clara linha de pensamento e vivi minha vida como o exemplo a ser seguido. Sem hipocrisia ou falso moralismo, mas com bondade, simplicidade, sem nenhum sentimento ruim no coração.
Espero, mais tarde, ouvir meus filhos falando para meus netos as mesmas frases do final da mensagem MÃES MÁS: “-Por causa de nossa mãe, perdemos imensas experiências da adolescência. Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, roubos, atos de vandalismos, nem fomos presos por nenhum crime.”
E que ao educar seus filhos eles lembrem de serem “PAIS MAUS”, tal como eu fui.
Aida Pietzarka
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