sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ode à Maria José: Minha mãe



A luz rompeu com as vestes da noite
Fez-se uma
Possuiu a treva
Uma menina tomou forma perante uma rosa
A rosa, mirou-se nela
curvou-se
despetalou-se
fez-se Mulher

Uma mulher entra na roda viva
canta a ciranda do amor para outro
inebriam-se na mesma melodia
fundem-se na mesma luz
formando uma sombra
e perdem-se numa solidão a dois
e lançam no silêncio
o sêmen do amor

E a flor que ainda era botão
jorra além de suas dimensões
E assemelhando-se ao pôr do sol
rasguei o mundo
e num primeiro choro
lancei meu desafio
Nasci
Cresci
As coisas cresceram comigo
cristalizando-se nos vãos que abriram-se em mim
ante o peso do tempo sem fim

Cresci
Mas, nem o tempo
nem as rugas
me separarão de ti
Ainda
durmo em tuas pálpebras jamais enfeitiçadas pelo sono
Ainda
me alimento da força que suguei dos teus seios
e que me anima
Ainda estou presa a ti pelo cordão umbilical
que me protege e nos estreita
fazendo-te
a mulher de todos os dias
para todas as noites
A mulher dentre todas as mulheres - MINHA MÃE
a onda mansa que beija a praia deserta
deixando vestígios de espuma roubada do mar
e, que no fim do dia,
não sabe sequer quantas vezes por ali passou
...resistindo sempre ao sopro mortífero da ausência e da saudade
em mim

(Mãe...Que as águas do Rosa te sejam leve e que a brisa que corre te sopre sempre para dentro de mim)

Jussara Petry

Imagem: Google

Respeite os direitos autorais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário