quinta-feira, 16 de abril de 2015

Falando aberto



Veja bem, aos poucos você me vai reconhecer.
Minha fala, tristeza n’alma...você  vai compreender.
Nasci forte, cabelos ao vento, flores, frutos me circundavam,
Sempre assim, assim mesmo, todos me viam, crescer...
Cada galho, ramo ou folha, tudo me fazia crer
Se estou aqui, algo bom vai acontecer
Cresci alto, centenária fama, ramas verdes,
Às vezes baixa, mas sempre no encalço de uma boa sombra oferecer
Me balançava, oferecendo galhos para aves, seres 
Ou simplesmente me sentir viva, me sentir parte do amanhecer.
Sou agora inerte, indefesa e gemo nas machadadas...
Igual fincadas, como se fosse um coração morrer.
Dizimada, quebrada, morta estou, gemendo, vem me socorrer.
Quero saber, me diga agora, quando foi assinado este contrato de morte?
Onde foi que eu assinei?
Assim cruel, você pensa que pode me destruir
Cruel engano, quem morre é você.
Me diga agora, você nem sente saudades daquelas tardes amadas,
Onde ríamos abraçadas, quando no seu balanço eu servia de
Braços para simplesmente.... abraçar você?
Nem sei se a dor é mais forte, no machado que corta
Ou na indiferença, desacato pleno, desleixo de um povo...
Hoje nem reconheço você.
Como pode suplicar por vida, se a sua vida você mata por prazer?
Quando os manguezais, o lixo nas encostas, desmatamento em série
Tudo isto nem o comove.  Como entender você?
Sou  incapaz, sou sua refém, sou impedida de viver.
Quando vai me socorrer? Será quem sabe quando você inerte,
Jaz  no leito, arrependida...de que adianta esse   seu sofrer?
Me salva agora, mudando a sorte, impeça queimadas,  desmatamentos,
Desastres na mata, enrascadas, encurralada
Dizimando assim nossa amada bicharada...
Agora eu controlo você.

Máyra S. L.
Imagem: Google


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