Veja bem, aos poucos você me vai reconhecer.
Minha fala, tristeza n’alma...você vai
compreender.
Nasci forte, cabelos ao vento, flores, frutos me
circundavam,
Sempre assim, assim mesmo, todos me viam,
crescer...
Cada galho, ramo ou folha, tudo me fazia crer
Se estou aqui, algo bom vai acontecer
Cresci alto, centenária fama, ramas verdes,
Às vezes baixa, mas sempre no encalço de uma boa
sombra oferecer
Me balançava, oferecendo galhos para aves,
seres
Ou simplesmente me sentir viva, me sentir parte
do amanhecer.
Sou agora inerte, indefesa e gemo nas
machadadas...
Igual fincadas, como se fosse um coração morrer.
Dizimada, quebrada, morta estou, gemendo, vem me
socorrer.
Quero saber, me diga agora, quando foi assinado
este contrato de morte?
Onde foi que eu assinei?
Assim cruel, você pensa que pode me destruir
Cruel engano, quem morre é você.
Me diga agora, você nem sente saudades daquelas
tardes amadas,
Onde ríamos abraçadas, quando no seu balanço eu
servia de
Braços para simplesmente.... abraçar você?
Nem sei se a dor é mais forte, no machado que
corta
Ou na indiferença, desacato pleno, desleixo de
um povo...
Hoje nem reconheço você.
Como pode suplicar por vida, se a sua vida você
mata por prazer?
Quando os manguezais, o lixo nas encostas,
desmatamento em série
Tudo isto nem o comove. Como entender você?
Sou incapaz, sou sua refém, sou impedida
de viver.
Quando vai me socorrer? Será quem sabe quando você
inerte,
Jaz no leito, arrependida...de que adianta
esse seu sofrer?
Me salva agora, mudando a sorte, impeça
queimadas, desmatamentos,
Desastres na mata, enrascadas, encurralada
Dizimando assim nossa amada bicharada...
Agora eu controlo você.
Máyra S. L.
Imagem: Google