Daqui do sul do mundo, neste rincão gaúcho e brasileiro, enquanto saboreio o chimarrão da manhã, fico pensando nas diferenças de costumes do nosso povo, na maneira de falar, nas gírias, no jeito de acolher as pessoas... Cada rincão deste país-continente tem seu jeito peculiar de ser; o que o torna tão diferente dos demais, tão mágico... tão rico em culturas... tão pródigo em belezas naturais!... Ao mesmo tempo, política e socialmente falando, tão triste... tão pobre...tão maltratado... tão jogado às feras... Ah! meu país gigante! Tua alma é tão grande, que pode acolher o mundo, mas teu corpo enfraquecido, não!
Enquanto sorvo mais um amargo, (doce diante destas
constatações,) lembro que vem aí a “Copa do Mundo”. Eu, como milhares de
brasileiros, não estou otimista em relação a isso, pelo contrário, estou
apreensiva diante do caos em que nos encontramos.
Entretanto, por mais diferentes que sejamos na
maneira de pensar e de agir, há um sentimento inerente ao povo brasileiro (com
raras exceções), o amor pelo futebol. Ele está no sangue deste povo, de norte a
sul. Não podemos “tapar o sol com a peneira”, como diz o ditado.
Mesmo aqueles que protestam indignados contra o
absurdo desta Copa do Mundo no Brasil estarão, sim, lotando os estádios
construídos ou reformados com o nosso dinheiro; com o dinheiro daqueles que,
durante os jogos, estarão deitados em macas ou pelo chão dos corredores de
hospitais por falta de leitos, à espera de serem atendidos... mas, na hora do
jogo, toda a dor será esquecida!
Não sejamos hipócritas!... Se não formos ao
estádio, ligaremos a televisão e esperaremos ansiosos a Seleção Brasileira
entrar em campo!
Que venha a Copa do Mundo!... Ah! futebol!...Ah!
Seleção Brasileira!... Na atual conjuntura, lembro uma frase daquela música
nativista: “Amar-te é uma adaga voltada pra mim!”
Zulma de Bem
Imagem: Google
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