quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Abstrato devaneio

Nem sei bem por que essa sensação de despedida...
Os olhos a passar por todos os recantos, observando criteriosamente, se tudo estava em seu lugar, se a disposição parecia harmoniosa, se estava agradável a quem chegasse.
Parece cinza o pensamento como está cinza o tempo!
Tão desejada e acalentada chuva e tão invasor seu cinza tom sem sol.
Parece que vai até o mais profundo cantinho de minha alma, se enrosca e enrola sentimentos, sobe até anuviar pensamentos e desce em lágrimas não sei se de tristeza ou de escondidas saudades.
É, parece que esta seria uma razão quase que aceitável: saudades sentidas,retidas e acumuladas e que não tem mais a esperança de serem resolvidas por um afago, um beijo esperado ou um simples olhar...
São tantos momentos que de repente se espremem pela pequena fresta que se abriu,que jorram imagens em célere velocidade, como que a querer atropelar o tempo e resgatar tanto de bom que já se foi, e junto com eles, as mãos carinhosas e os olhos cheios de afeto, que, por mais difíceis que fossem os embates ou as dores, sempre pareciam as rochas em que tínha segurança e a maciez de plumas, para deitar consolado.
Com certeza é apenas um momento!
Com certeza é um pensamento...
Com certeza é a clareza de que podemos sentir ,ao mesmo tempo, dor e conforto, solidão e desdobramento, insegurança de filho e firmeza de mãe, busca e resposta das belas coisas vividas, divididas, muitas das quais não gostaríamos de ter que abrir mão, mas tantas outras ,fortes e persistentes, que temos pertinho de nós.
Abstrato devaneio em torno do que é tão concreto: a vida.
E todos os dias a busca de novas respostas às  novas emoções.
E tornará a brilhar, em mim, o sol...
Renate Gigel
Imagem: Google

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