Venho falar do luto, da dor, do sofrer
Ao som dos celulares, a fumaça calou,
As 140 chamadas daquela mãe agoniada;
Da porta que nem abriu, o segurança impediu.
Do luto pelos vinténs barganhado pelos coronéis
Daquele alvará vencido, esquecido, proibido.
O luto é pelo qual luto.
Do prefeito hoje desfeito, do tenente dormente;
Avenida interrompida, pelos corpos estendidos.
O luto é pela alegria da festa impedida, suicida...
Um luto preto, negro, triste, enfadonho.
O luto é pelo Brasil acordar deste sonho febril
Quando impunes são os doutores
Punidos os sofredores...
Miséria ao povo, relíquias ao corvo.
O luto é pelo sorriso amordaçado hoje.
Quem sabe o luto exposto,
Será por filhos distantes, amores negados
àquelas mães sedentas carentes, presentes.
Quem sabe o luto é por outros filhos desalmados,
Arrogantes, orgulhosos, imperiosos, hoje
Esquecidos de suas vidas,
Quase folhas secas ao vento.
Quisera este luto assoprar nos seus ouvidos:
-Filhos amem seus pais, eles são seus presentes
Quem saberá amanhã, se igual luto
Poderá ser seu presente?
Este luto será algo questionando a mente?
Valorizando o tempo presente
Amanhã? Quem lhe garante?
MSLMaymay
Imagem: Jorge Schweitzer