Parece a contagem regressiva de um novo tempo.
A expectativa de tantos é enorme, e a mídia,
envolvente.
Busca de melhorias, construções faraônicas e uso
de recursos como se a fonte fosse inesgotável.
As justificativas desde as mais plausíveis até as
mais irreais. Vale tudo.
Tudo é para todos, e tudo ficará para sempre, o
progresso está inerente ao evento e a projeção de lucros incontáveis é
promissora.
As brisas parecem que vão soprar palavras de uma
só língua ou todos passarão a falar várias, como que por encanto, em poucas
aulas de conversação.
As profissões, na sua maioria de prestadores de
serviço, passarão, como num passe de mágica, a ser tão qualificadas que poderão
desempenhar, com maestria, a elegância do traquejo das mais variadas exigências
multiculturais.
Que lindo! Verdadeiro “País das Maravilhas”.
E no belíssimo azul do céu tropical se desfazem em
róseas e translúcidas nuvens, tantas esperanças acalantadas, tantas lágrimas de
angústia por uma vida para os filhos, o desejo de poder frequentar uma escola, quiçá
uma universidade, ou para muitos, o básico sustento do dia a dia...
E no monótono e repetitivo martelar das
construções, onde os corpos bronzeados pelo sol, banhados em suor do esforço da
perseverança, quantos não serão levados pelos sonhos que acalantam. Promessas e
perspectivas, como nova luz, buscam acreditar. Não perdem a fé e deixam se
invadir pela fantasia que vem embalada na maior paixão de um povo inteiro e que
representa a promessa de que nós podemos e faremos tudo ficar bem.
Como é bom ter esta garra! Ou será o debater do náufrago?
Povo maravilhoso, que resiste aos desafios e busca
driblar suas tristezas.
Fé para não sucumbir e se perder nas profundezas
da desilusão.
Nem que seja na expectativa da Copa, alegria de um
povo.
Renate Gigel
Imagem: Google