quarta-feira, 12 de junho de 2013

O amor que sonhei

           


Houve um tempo em que pensei haver encontrado o amor que sonhei; o homem com quem eu queria compartilhar a minha vida; aquele com quem eu  trocaria confidências, dividiria preocupações, sonhos, alegrias... e um ajudaria o outro a se tornar uma pessoa melhor... e juntos, superaríamos erros e limitações, perdoando-nos mutuamente...e cresceríamos mais no amor a cada dia...e formaríamos uma linda família!

           Mas foi apenas sonho... ficção... fantasia... Na vida real, salvo exceções, (graças a Deus, elas existem) o sentimento de posse, confundido com amor, faz com que o outro seja tratado como um objeto de valor ou como um bichinho de estimação, cujo dono pretende dispor a seu bel prazer.

             Como é possível que se escolha por amor, alguém que queremos como companheiro(a) de uma vida, e ao mesmo tempo, tratá-lo(a) como a um ser incapaz, sem vontade própria; sem discernimento... É possível que se ame um robô, programado para agir exatamente como queremos e desativá-lo quando não estamos precisando dele?

           Quando o egoísmo não permite que respeitemos a individualidade do outro, é porque o amor foi confundido com outro sentimento... A paixão é avassaladora como uma tempestade, mas vai embora, deixando rastros de destruição. O amor é como o sol que volta a brilhar mais forte depois que passam as nuvens escuras; é como o orvalho das manhãs, que se renova a cada dia, umedecendo a terra para que as flores não percam o seu viço, nem os frutos, o seu sabor!

             O tempo passou... Envelheci e me desencontrei do amor que sonhei! Entretanto, hoje, mais do que nunca, acredito que o amor na sua essência, é como aquele que sonhei. Fantasia... é esse sentimento, hoje tão desrespeitado. A palavra amor é tão banalizada, tão superficial, que basta qualquer contrariedade, qualquer acontecimento banal, para que tantos casamentos sejam destruídos, tantas famílias desestruturadas e tantos corações partidos.

        Então se diz: “O amor acabou!”

        Eu, porém, creio:...se acabou, não era amor.


Zulma de Bem

Imagem: Google

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