Em reunião com o grupo de jovens que se preparava para o Sacramento da Crisma, refletíamos sobre valores. Lembrei, então, de um comentário que ouvi (faz já bastante tempo) de um colega a respeito de um professor, um homem de grande cultura, muito conhecido e respeitado por seus ensinamentos e por suas obras. Até aí, tudo bem, mas o que me inquietou foi ouvir que a pessoa ficara chocada ao ter visto, certo dia, o referido professor, atravessando uma rua, pedalando uma bicicleta. Segundo ela, para “um homem daquela posição” era uma incoerência andar por aí de bicicleta. “Um homem como aquele... deveria valorizar-se mais!”
Eu nada respondi, mas aquilo ficou machucando a minha alma. Afinal, o que significa “valorizar-se?”
Quando comecei a conhecer melhor alguém chamado Jesus Cristo, o verdadeiro sentido de valores foi ficando mais nítido para mim.
Só para citar um exemplo: no texto bíblico que fala da entrada de Jesus em Jerusalém, hoje comemorado como Domingo de Ramos, não vinha Ele em uma suntuosa carruagem puxada por fogosos corcéis; nem montado em um cavalo branco, ladeado por súditos e guarda-costas, e sim montando um simples jumentinho, símbolo da humildade e do despojamento.
Então, o que caracterizava o seu valor? De onde lhe vinha aquela sabedoria que confundia os Doutores da Lei? O que fez com que os poderosos tivessem tanto medo daquele homem que, segundo suas próprias palavras não tinha onde repousar a cabeça e cuja única arma era a Palavra?
Aos poucos, encontrei respostas para todas essas perguntas: os verdadeiros valores não estão na aparência física nem naquilo que ostentamos; não estão naquilo que temos, mas naquilo que somos.
Ouvi, certa vez, uma comparação que achei muito sábia: “As pessoas são presentes umas para as outras. Presentes esses que vêm em embalagens diversas. É preciso, entretanto, tomar cuidado para não avaliarmos o presente pela embalagem, pois este, após desembrulhado, pode surpreender ou desapontar.”
Todos nós nascemos presentes importantes, porém, muitas vezes, no decorrer de nossas vidas, deixamo-nos “enrolar” por embalagens enganosas...
Terminamos, naquele dia, o encontro catequético a respeito de valores, com esta reflexão: ”As pessoas são presentes valiosos de Deus, umas para as outras”.
Zulma de Bem
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