Quando a saudade matreira se embrenha na alma da gente
E não quer sair, é preciso camperear...
Às vezes, fico cismando e me pego a camperear
Pelos campos das lembranças;
Galopo, nessas andanças pela invernada da mente;
E me vejo, de repente, numa estrada mui florida,
Que se estende à minha frente, na primavera da vida!
Então, eu sigo ao tranquito, sem pressa, devagarzito,
A recorrer a invernada.
Vou repontando, encantada, o rebanho da saudade,
Daquela felicidade dos meus tempos de criança,
Onde o verde da esperança se espalhava em toda a parte,
Na estampa... pura arte do Pintor do Infinito!
Recorro o Pago bendito, no lombo do pensamento;
E volto, por um momento, a me banhar na cascata,
Sentir o cheiro da mata, colher pitanga e araçá;
Ouvir canto de sabiá, subir no salso chorão;
Ter o sol no coração inundando e aquecendo a alma;
reencontrando aquela calma; revivendo aquela paz...
Mas, a realidade me faz saber que devo voltar;
Que é preciso sofrenar o flete Imaginação!
Apeio, de volta ao chão desta real invernada,
Onde a grama é amarelada... foi-se o verde da esperança,
Porque a erosão não se cansa de abrir sulcos na paisagem,
Desvanecendo a imagem dos sonhos do coração!
Zulma de Bem
Imagem: Google
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