domingo, 29 de abril de 2012

Incógnita


Quando me lês
Não tentes decifrar-me
Nem sequer ouses rotular-me
Teu julgamento tiraniza-me
Rouba meu real sentido
Empalidece meu brilho
Enlouquece minha lucidez
Ofusca minha luz
Envaidece tuas inverdades
Traz à tona
Meu pior
Burla meu melhor
Não me cubras de lógica
Não me peças coerência
Não me faças parecer coesa
Sou pura emoção
Alimento-me de anseios
Sem receios
Não dou vazão à comiseração
Tampouco me embriago no cálice
Da indulgência
Pingo em gotas de chuva
Para não alagar
Resisto à borrasca e tormentas
Viro furacão
Corro atrás dos ventos e quando solta
Estepe afora
Entre as savanas
Teimo em deitar-me
Em frenética corrida
Pra esquentar e virar sol

Portanto não me divida em categorias
Sou incondicional
Absoluta
Irrestrita
Integral
Única
Insolitamente
Provocativa a qualquer desafio
À condição humana

Não me leias
Não tentes decifrar-me
Simplesmente

Jussara Petry

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